sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

EDWARD RUTHERFORD: OS PRÍNCIPES DA IRLANDA (DUBLIN FOUNDATION)


Post iniciado em 05/02/2009

Esse aí eu levei quase 2 anos para ler, mas consegui terminar antes do estouro dos fogos de 31/12 (2008).

Desse autor, Edward Rutherfurd, já tinha lido Londres, o romance, em que narra 2.000 anos da história da capital inglesa desde sua formação geológica até a década de 90. Cada capítulo detém-se num determinado período histórico, formando um fio condutor da história da própria Inglaterra. Passamos pela época da formação da aldeia celta de pescadores à beira do rio Tâmisa, os tempos de província romana, a chegada dos saxões, depois os vikings, o domínio dos normandos plantagenetas, a dinastia Tudor de Henrique VIII e Elizabeth, a Revolução Gloriosa, a Restauração, o louco rei George do século XVIII, a cultura cockney do tempo de Dickens, a formação das classes operárias da era vitoriana e por aí vai, até o governo de John Major (se não me engano).

Em um outro romance, Rutherfurd segue o mesmo modelo para contar 1000 anos de história de New Forrest. Este eu ainda não li. Está na prateleira-fila de espera. Mas o autor também manteve a receita em Os Príncipes da Irlanda, primeiro volume da obra A Saga de Dublin. No prólogo, chamado Sol Esmeralda, o autor vaga pelas origens míticas daquela terra cheia de lendas de reis gigantes. Depois, prossegue com a cultura celta medieval com seus guerreiros e druídas e avança pelos séculos até chegar ao ano de 1533, quando começam os problemas entre católicos e protestantes, que até hoje não se resolveu.

Outra marca do autor é a linha genealógica dos personagens. Um mercador retratado no século 15 pode ser descendente de algum druída do capítulo do século 5, ou de um imigrante viking do século 10. Sempre herdam um traço genético ou a corruptela do nome de seus antepassados. Um sujeito chamado MacGowan descende de um tal de MacGoignenn, e este de outro Goibnu. Todos separados por alguns séculos de histórias e acontecimentos extraordinários.

A Irlanda tem uma onda muito diferente da Inglaterra. Embora a influência escandinava seja forte, a primeira não foi invadida pelos anglos e saxões, e conseguiu manter sua raiz celta, marcada pelo idioma gaélico (semelhante aos dos escoceses e galeses) e por um certo sincretismo entre as crenças antigas e o cristianismo. Num capítulo sobre um homem que se torna monge, descendente de outro que se tornou druída, vemos como os dois mundos espirituais conseguiram se abraçar. A introspecção e contemplação da natureza nutridas pelos druídas encontrou eco na vida reclusa e de orações dos monges cristãos. Nesse episódio, faz-se menção ao lendário livro de Kells, um tesouro da cultura celta.

Cada capítulo com seu grupo de personagens deixa saudade quando termina. É um traço da obra de Rutherfurd, que é inglês, porém elegeu Dublin para viver há mais de dez anos. Seus livros sempre trazem mapas e a árvore genealógica dos personagens. A Saga de Dublin continua com o segundo volume The Rebels of Ireland (ou Ireland Awakening no mercado europeu), que ainda não foi lançado no Brasil. No site oficial do escritor ele divulga seu novo romance intitulado New York. Mais uma vez ele viaja pela história de uma cidade, recriando a Manhattan dos índios algonquins, os assentamentos de holandeses, depois os ingleses, até chegar ao século da tragédia do 11/9. Já estou morta de vontade de ler!

Nenhum comentário: