sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

AS CRÔNICAS DE NÁRNIA - PRÍNCIPE CASPIAN

Postado originalmente em 01/02/2009

Eu gostei mais do outro. Aquele do guada-roupa, feiticeira, blablabla. Acho que pela fofice comovente da Lucy, que nesse outro filme está mais crescidinha. E por resgatar uma lembrança muito frágil da infância. Vi alguma versão para TV, talvez a da BBC ou algum desenho animado que passou na Globo ou SBT. Só me veio esse estalo na cena do Leão sacrificado na mesa de pedra. E depois, quando os quatro irmãos estão crescidos e reencontram o caminho do guardaroupa.

E principe Caspian é a cara do rodrigo santoro
E príncipe Caspian é a cara do rodrigo santoro

Eram alguns detalhes que compensavam a coisa bastante açucarada do primeiro filme. Esse novo é mais sombrio, triste e violento. Mas tudo isso não ajudou a fazer uma sequência melhor para a série. Não que seja de todo ruim. Diverte num sábado à tarde. Por outro lado, 2008 teve muitos filmes de fantasia e aventura concorrendo. O suficiente para embolar uma história na outra e um filme obscurecer o outro.

Agora, um pouco depois de ver o filme, li o Coisas Frágeis, do Neil Gaiman, que dedicou um conto ao exorcismo de um problema que ele sempre teve com As Crônicas de Nárnia. É uma questão difícil, porque, não querendo desmercer o valor literário da obra de C. S. Lewis, até porque nunca li, fazer alegorias religiosas em histórias de fantasia pode ser um tiro no pé. Tem metáforas óbvias do cristianismo, como o Leão que se sacrifica e ressussita, sendo testemunhado por duas irmãs (Marta e Maria ou Susan e Lucy). Mas, sinceramente, não acho que isso tenha comprometido muito o filme.

Dizem que os colegas Lewis e Tolkien, ambos cristãos (o primeiro, anglicano e o outro católico), discordavam sobre envolver a religião em suas obras. Apesar de existirem autores que decifram signos cristãos em O Senhor dos Anéis, Tolkien parece evitar isso ao máximo. Acho que o único termo que remetia ao universo judaico-cristão-muçulmano ocorre em alguma passagem em que se refere a anjos. Mas pode ser viagem minha. E não sei se era em O Senhor dos Anéis ou noO Hobbit (ainda não li o Simarillion).

O que me incomoda é quando o autor usa esses conceitos e mata o efeito de transportar completamente o leitor para o outro universo. Com Tolkien, isso não acontece. E é um dos grandes méritos do SDA. No máximo, perturba um pouco a semelhança com textos do Antigo Testamento (fulano é filho de fulano que é filho de fulano X 1000). Mas até nisso ele se safa, porque as sagas escandinavas também usam esse recurso repetitivo, por ser uma tradição oral das histórias. E o fato dele manter o calendário da Terra Média com os meses de janeiro a dezembro também podia ser diferente. Podia ter inventado um calendário totalmente fictício e cortar mais ainda a conexão com o tempo presente. Mesmo assim, a Terra Média é um universo totalmente além da imaginação.

Mas o tal conto do Gaiman meio que tenta resgatar a personagem Susan de um karma triste e injusto. Papo de não ir pro céu porque pecou. Bom... eu tenho uma edição completa das Crônicas, que ainda não li, e emprestei para minha irmã adolescente. Ela destestou e me devolveu antes de terminar de ler. Estranhei porque ela pediu emprestado com tanta curiosidade e entusiasmo, mas se decepcionou totalmente. Falou que é muito cheio de conceitos cristãos, ao ponto de não ser divertido.

Li em algum lugar que a Disney abriu mão dos direitos da obra, porque o desempenho nas telas foi fraco. E parece que ninguém está interessado em dar sequência à série.

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