sexta-feira, 9 de novembro de 2012

miseráveis


Pode até ser ruim... mas é imperdível.

Hugh's Valjean

Russel's Javert




sábado, 20 de novembro de 2010

Ligo a torneira de leite de cabra ou de sangue de virgens?



Da série de posts ridiculamente atrasados...

Como resistir a uma história horripilante feito essa? Alguém começa a contar sobre uma mulher que matava virgens para se banhar no sangue delas e permanecer bela e jovem para sempre. E quem ouve não consegue resisitir: conte mais!

Tem certas imagens e elementos de histórias de terror que arrebatam as pessoas. Não sou da geração dos Jogos Mortais e filmes japoneses de almas penadas. Tive sempre medo mesmo era de ver pessoas enterradas vivas, partidas ao meio na porta de um elevador, esmagadas em uma dama de ferro, devoradas por cobras ou atacadas por escorpiões.

Elizabeth (ou Erzsébet) Barthory foi uma condessa húngara que viveu lá pelo final do século 16 e início do 17. Ficou conhecida como a Condessa Sangrenta (e mais tarde também como maior serial killer do sexo feminino de todos os tempos) depois de ser acusada e investigada pela tortura e assassinato de centenas de jovens mulheres e algumas meninas. Lenda ou não, depoimentos da época contam que a condessa acreditava que aplicar o sangue de mulheres virgens na pele iria garantir sua juventude e beleza. Barthory foi retratada em diversos filmes e tornou-se até objeto de culto dos malucos góticos.

A primeira vez que ouvi falar na condessa Barthory foi em um episódio da série A Ilha da Fantasia. Uma hóspede de Mr. Roarke tinha visões e sonhos sobre uma mulher chamada Elizabeth, que era justamente a lendária condessa sangrenta. Lembro bem do clima do episódio, cheio de gritos, imagens de masmorras e teias de aranha. E é difícil esquecer do horripilante fim da condessa: condenada ao emparedamento até morrer (mais um ingrediente clássico). Esse episódio é uma das minhas principais referências de histórias de terror. Como foram também Sssssss O Homem Cobra, A Profecia, O Homem de Papel, A Casa da Noite Eterna e a série de filmes do Dr. Pheebs com Vincent Price.


Julie Delpy, que dirigiu o filme e interpretou a personagem, simplesmente não deu a mínima para o "ícone gótico". Contou com frieza a história da condessa assassina. Praticamente não tem suspense ou qualquer atmosfera de horror. Só o retrato de uma rica viúva, bela e inteligente, que vai pirando progressivamente com o medo de envelhecer e não ser amada. Nem é muito psicológico. Mostra com poucos rodeios a vida de uma psicopata em deterioração.


domingo, 7 de novembro de 2010

Se um monte de outros filmes não tivessem acontecido....


Da série Posts Mega Atrasados...

Tem um monte de "se já não houvesse" e de "talvez" inevitáveis. Se não fosse por Guerra nas Estrelas, Matrix e Senhor dos Anéis (para citar só três) não haveria Avatar. Por outro lado, se esses filmes já não tivessem sido feitos, o cinema seria mais pobre e, talvez, eu tivesse até me apaixonado perdidamente por Avatar.

A experiência proporcionada pelo 3D, que é o formato como o filme foi concebido (e não o recurso secundário de efeito especial como ocorre em outras películas), é o grande barato da obra de James Cameron. E também o production design em si. A luminescência azul dos seres humanóides de Pandora, além da flora explosivamente colorida, são outras maravilhas do filme. Ver Avatar é quase saltar literalmente de árvores gigantescas para montar em criaturas aladas e voar sobre um universo de cores, texturas e sons alucinantes. Isso tudo é irrepreensível.


Mas a história é fraca. Fraca como a maioria das coisas que Cameron fez depois do primeiro Exterminador do Futuro. Este último é perfeito. Com baixo orçamento, totalmente B, mas perfeito. Uma das histórias mais legais da história do cinema. E mesmo com efeitos completamente toscos de tão superados, continua sendo um thriller do cacete. Depois disso, só gostei mesmo do T2, daquele do Abismo submarino e do True Lies. E ainda assim, com reservas...

T2 tem um probleminha: aquela narrativa em off da Sarah Connor sobre o novo Exterminador que veio do futuro para proteger seu filho e representa a figura paterna bla bla bla. Chatão aquilo. Cortando esse deslize, é um dos melhores filmes de aventura de todos os tempos. O do Abismo é bonitaço e muito original - como filme de sci fi sobre o universo fantástico e desconhecido do fundo do mar - mas tem exageros dramáticos bem chatos também. O True Lies... até que não tem defeitos. É um cinemão de entretenimento redondo e honesto.

Ah, é... tem o Aliens. Minha implicância com esse é pelo clima de fim da Guerra Fria, corrida armamentista e decadência da era Reagan que ronda a parada. Impossível sonhar quando tem tanto fator ideológico e burróide asfixiando a ficção. Muito armamento pesado para matar um ET. É um tantão estúpido e maniqueísta. Que pena.

E então tem o desgraçado do Titanic... Não que seja a maior merda do mundo. Mas, como diria meu pai, é uma charopada dos diabos. Tive grandes espectativas, mas fiquei decepcionada. Me parecia interessantíssima toda aquela inspiração do diretor, que içou um transatlântico do fundo do oceano para superfície da ficção. O que os restos de um navio naufragado poderiam acender na imaginação de um cineasta? Como ele traria de volta o charme da Belle Époque, as histórias daquelas pessoas que retornavam da Europa e das outras que buscavam seus sonhas na América? Prometia ser mais do que um filme-catástrofe com incríveis efeitos visuais. E são efeitos especiais realmente impressionantes, mas a história é muito banal. Não consegui me comover com o amorzinho de DiCaprio e Winslet. Não me convenceu que aquela jovem da Philadelphia gostasse de Picassos e Monets.... Só que todo mundo amou aquele roteiro sem vergonha. Eu não. Fiquei constrangida no final da sessão, pois as pessoas aplaudiram...

Cameron ajudou muito o mercado cinematográfico mundial, pois Titanic levou muita gente que não ia ao cinema há séculos de volta às salas. Contribuiu para avanços da arte e técnica cinematográficas através das inúmeras inovações desenvolvidas no que diz respeito a efeitos especiais, equipamentos, softwares, hardware e métodos de captação de imagens. Colaborou também para inflacionar os números. Avatar é o filme mais caro da história e, anteriormente esse primeiro lugar pertencia ao Titanic. Mas na hora de contar uma história, nem sempre ele é the king of the world. Será que muito dinheiro e prestígio minaram o talento do cara e tiraram seu foco de coisas fundamentais como saber contar uma história?

Me contaram que no Second Life tinha um usuário que, se não me engano, era tetraplégico. Não devia ser o único. Mas o negócio é que, através do 2nd Life, ele tinha uma vida de plena mobilidade de braços e pernas. Vivia aventuras radicais. Quando soube que o personagem principal de Avatar era paraplégico, imaginei que seria um elemento interessante para o filme. E é, mas, para variar, foi mais uma idéia legal perdida num enredo fraco.

Uma das coisas mais constrangedoras de Avatar é aquele vilão: o comandante que chama os habitantes de Pandora de macacos azuis e chega lá pelo final do filme destruindo tudo. Ele foi até indicado ao Scream Awards, mas acho injusto. Não é um vilão interessante. É estúpido e maniqueísta, de um jeito que nem é engraçado ou irônico. E o par romântico do filme é outra baba de quiabo completa. Impossível ter sido mais banal e piegas. É tudo pobreza de imaginação.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

J.K. ROWLING: OS CONTOS DO BARDO BEEDLE

Post iniciado em 05/02/2009

Já escrevi que Harry Potter é uma cachaça. E a autor, J. K. Rowling, ofereceu mais essa pequenina dose.
Parecem contos de fadas, mas são contos de bruxos cheios de boas lições, que a Hermione lê sem parar em Harry Potter e as Relíquias da Morte. Cada história tem comentários do Professor Dumbledore. The Warlock's Hairy Heart é o meu preferido. Bom para trouxas felizes!

EDWARD RUTHERFORD: OS PRÍNCIPES DA IRLANDA (DUBLIN FOUNDATION)


Post iniciado em 05/02/2009

Esse aí eu levei quase 2 anos para ler, mas consegui terminar antes do estouro dos fogos de 31/12 (2008).

Desse autor, Edward Rutherfurd, já tinha lido Londres, o romance, em que narra 2.000 anos da história da capital inglesa desde sua formação geológica até a década de 90. Cada capítulo detém-se num determinado período histórico, formando um fio condutor da história da própria Inglaterra. Passamos pela época da formação da aldeia celta de pescadores à beira do rio Tâmisa, os tempos de província romana, a chegada dos saxões, depois os vikings, o domínio dos normandos plantagenetas, a dinastia Tudor de Henrique VIII e Elizabeth, a Revolução Gloriosa, a Restauração, o louco rei George do século XVIII, a cultura cockney do tempo de Dickens, a formação das classes operárias da era vitoriana e por aí vai, até o governo de John Major (se não me engano).

Em um outro romance, Rutherfurd segue o mesmo modelo para contar 1000 anos de história de New Forrest. Este eu ainda não li. Está na prateleira-fila de espera. Mas o autor também manteve a receita em Os Príncipes da Irlanda, primeiro volume da obra A Saga de Dublin. No prólogo, chamado Sol Esmeralda, o autor vaga pelas origens míticas daquela terra cheia de lendas de reis gigantes. Depois, prossegue com a cultura celta medieval com seus guerreiros e druídas e avança pelos séculos até chegar ao ano de 1533, quando começam os problemas entre católicos e protestantes, que até hoje não se resolveu.

Outra marca do autor é a linha genealógica dos personagens. Um mercador retratado no século 15 pode ser descendente de algum druída do capítulo do século 5, ou de um imigrante viking do século 10. Sempre herdam um traço genético ou a corruptela do nome de seus antepassados. Um sujeito chamado MacGowan descende de um tal de MacGoignenn, e este de outro Goibnu. Todos separados por alguns séculos de histórias e acontecimentos extraordinários.

A Irlanda tem uma onda muito diferente da Inglaterra. Embora a influência escandinava seja forte, a primeira não foi invadida pelos anglos e saxões, e conseguiu manter sua raiz celta, marcada pelo idioma gaélico (semelhante aos dos escoceses e galeses) e por um certo sincretismo entre as crenças antigas e o cristianismo. Num capítulo sobre um homem que se torna monge, descendente de outro que se tornou druída, vemos como os dois mundos espirituais conseguiram se abraçar. A introspecção e contemplação da natureza nutridas pelos druídas encontrou eco na vida reclusa e de orações dos monges cristãos. Nesse episódio, faz-se menção ao lendário livro de Kells, um tesouro da cultura celta.

Cada capítulo com seu grupo de personagens deixa saudade quando termina. É um traço da obra de Rutherfurd, que é inglês, porém elegeu Dublin para viver há mais de dez anos. Seus livros sempre trazem mapas e a árvore genealógica dos personagens. A Saga de Dublin continua com o segundo volume The Rebels of Ireland (ou Ireland Awakening no mercado europeu), que ainda não foi lançado no Brasil. No site oficial do escritor ele divulga seu novo romance intitulado New York. Mais uma vez ele viaja pela história de uma cidade, recriando a Manhattan dos índios algonquins, os assentamentos de holandeses, depois os ingleses, até chegar ao século da tragédia do 11/9. Já estou morta de vontade de ler!