domingo, 7 de novembro de 2010

Se um monte de outros filmes não tivessem acontecido....


Da série Posts Mega Atrasados...

Tem um monte de "se já não houvesse" e de "talvez" inevitáveis. Se não fosse por Guerra nas Estrelas, Matrix e Senhor dos Anéis (para citar só três) não haveria Avatar. Por outro lado, se esses filmes já não tivessem sido feitos, o cinema seria mais pobre e, talvez, eu tivesse até me apaixonado perdidamente por Avatar.

A experiência proporcionada pelo 3D, que é o formato como o filme foi concebido (e não o recurso secundário de efeito especial como ocorre em outras películas), é o grande barato da obra de James Cameron. E também o production design em si. A luminescência azul dos seres humanóides de Pandora, além da flora explosivamente colorida, são outras maravilhas do filme. Ver Avatar é quase saltar literalmente de árvores gigantescas para montar em criaturas aladas e voar sobre um universo de cores, texturas e sons alucinantes. Isso tudo é irrepreensível.


Mas a história é fraca. Fraca como a maioria das coisas que Cameron fez depois do primeiro Exterminador do Futuro. Este último é perfeito. Com baixo orçamento, totalmente B, mas perfeito. Uma das histórias mais legais da história do cinema. E mesmo com efeitos completamente toscos de tão superados, continua sendo um thriller do cacete. Depois disso, só gostei mesmo do T2, daquele do Abismo submarino e do True Lies. E ainda assim, com reservas...

T2 tem um probleminha: aquela narrativa em off da Sarah Connor sobre o novo Exterminador que veio do futuro para proteger seu filho e representa a figura paterna bla bla bla. Chatão aquilo. Cortando esse deslize, é um dos melhores filmes de aventura de todos os tempos. O do Abismo é bonitaço e muito original - como filme de sci fi sobre o universo fantástico e desconhecido do fundo do mar - mas tem exageros dramáticos bem chatos também. O True Lies... até que não tem defeitos. É um cinemão de entretenimento redondo e honesto.

Ah, é... tem o Aliens. Minha implicância com esse é pelo clima de fim da Guerra Fria, corrida armamentista e decadência da era Reagan que ronda a parada. Impossível sonhar quando tem tanto fator ideológico e burróide asfixiando a ficção. Muito armamento pesado para matar um ET. É um tantão estúpido e maniqueísta. Que pena.

E então tem o desgraçado do Titanic... Não que seja a maior merda do mundo. Mas, como diria meu pai, é uma charopada dos diabos. Tive grandes espectativas, mas fiquei decepcionada. Me parecia interessantíssima toda aquela inspiração do diretor, que içou um transatlântico do fundo do oceano para superfície da ficção. O que os restos de um navio naufragado poderiam acender na imaginação de um cineasta? Como ele traria de volta o charme da Belle Époque, as histórias daquelas pessoas que retornavam da Europa e das outras que buscavam seus sonhas na América? Prometia ser mais do que um filme-catástrofe com incríveis efeitos visuais. E são efeitos especiais realmente impressionantes, mas a história é muito banal. Não consegui me comover com o amorzinho de DiCaprio e Winslet. Não me convenceu que aquela jovem da Philadelphia gostasse de Picassos e Monets.... Só que todo mundo amou aquele roteiro sem vergonha. Eu não. Fiquei constrangida no final da sessão, pois as pessoas aplaudiram...

Cameron ajudou muito o mercado cinematográfico mundial, pois Titanic levou muita gente que não ia ao cinema há séculos de volta às salas. Contribuiu para avanços da arte e técnica cinematográficas através das inúmeras inovações desenvolvidas no que diz respeito a efeitos especiais, equipamentos, softwares, hardware e métodos de captação de imagens. Colaborou também para inflacionar os números. Avatar é o filme mais caro da história e, anteriormente esse primeiro lugar pertencia ao Titanic. Mas na hora de contar uma história, nem sempre ele é the king of the world. Será que muito dinheiro e prestígio minaram o talento do cara e tiraram seu foco de coisas fundamentais como saber contar uma história?

Me contaram que no Second Life tinha um usuário que, se não me engano, era tetraplégico. Não devia ser o único. Mas o negócio é que, através do 2nd Life, ele tinha uma vida de plena mobilidade de braços e pernas. Vivia aventuras radicais. Quando soube que o personagem principal de Avatar era paraplégico, imaginei que seria um elemento interessante para o filme. E é, mas, para variar, foi mais uma idéia legal perdida num enredo fraco.

Uma das coisas mais constrangedoras de Avatar é aquele vilão: o comandante que chama os habitantes de Pandora de macacos azuis e chega lá pelo final do filme destruindo tudo. Ele foi até indicado ao Scream Awards, mas acho injusto. Não é um vilão interessante. É estúpido e maniqueísta, de um jeito que nem é engraçado ou irônico. E o par romântico do filme é outra baba de quiabo completa. Impossível ter sido mais banal e piegas. É tudo pobreza de imaginação.


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